FRENTE-A-FRENTE
Existem suspeitas de que o Audi A3 TDI de 170 deixe de ser a referência no universo dos desportivos compactos a gasóleo. É que o BMW 120d surge renovado de alma e coração, apesar da indumentária não deixar adivinhar grandes alterações. Um duelo em arena alemã
Por Luís Guilherme Fotos Miguel Ângelo Silva
JULHO 2007
Sob suspeita
Ficha Técnica • As nossas medições • Pontuação • A favor/contra
Noutros tempos, um desportivo compacto era movido a gasolina, mas com a cavalgada de potência que os motores Diesel têm registado, é justo aplicar esta designação a modelos como os que estão presentes nestas páginas. Aliás, basta olhar para a indumentária deste Série 1, de cor branco alpin, para se perceber de imediato a sua vocação.
O Audi A3 2.0 TDI com 170 cv já não constitui propriamente uma novidade, mas o mesmo já não se pode dizer do 120d que, a par de um restyling, recebeu um novo motor 2.0 com 177 cv
Estética, Construção, Segurança
A subjectividade da apreciação estética faz com que a nossa opinião tenha rigorosamente o mesmo valor que a do leitor. Ambos têm linhas apelativas e, mesmo não sendo o jornalista encarregue deste trabalho um fã do design do Série 1, a verdade é que esta versão branca equipada com o pacote desportivo M tem um encanto muito especial. É caso para dizer que o branco está de volta.
Antes de acedermos ao interior, importa justificar a melhor pontuação do Audi no domínio da segurança, que se deve ao facto deste incluir de série encostos de cabeça activos, ausentes do BMW. O resto, como os seis airbags, controlo de tracção e de estabilidade, além dos cintos com pré-tensores, estão presentes nos dois.
BMW 120d Ambiente desportivo e uma posição de condução muita boa são certezas a bordo deste 120d recheado de opcionais. O volante tem boa pega
Audi A3 2.0 TDI Sport O habitáculo é mais desanuviado, mas a tónica desportiva também está presente no interior do Audi
Conforto, Habitáculo, Equipamento
Por dentro, a primeira sensação é de que o A3 é mais espaçoso, não só em largura, mas sobretudo em comprimento nos lugares traseiros, o que obriga os passageiros do Série 1 a encolher um pouco mais as pernas. O tamanho generoso do pilar C também contribui para um ambiente mais "claustrofóbico" atrás, além de ser responsável pela pouca visibilidade traseira que oferece ao condutor.
O habitáculo do Audi é mais desanuviado. A tónica desportiva, como no BMW, é evidente e a qualidade de construção é superior, nomeadamente no tipo de materiais utilizados na concepção do tablier. É que apesar do restyling do Série 1 também ter incluído alguns reparos no interior, como o revestimento mais suave do tablier, a verdade é que o plástico rijo continua a ser a base de construção deste elemento, o que nunca deixa de ser criticável num BMW de 40 000 euros.
Isto só incluindo o pacote desportivo M (2900 euros)* no preço, porque com todos os opcionais presentes na unidade ensaiada, o potencial cliente teria de se desprender de 46 570 euros, já que só o dito pacote, a pele Boston preta, os espelhos retrovisores com função anti-encadeamento, o alarme, a ajuda ao parqueamento traseiro, o cruise control, o apoio lombar para os bancos dianteiros e os sensores bi-Xénon, são responsáveis por 6830 euros. E a lista ainda tinha mais.
No Audi, os bancos são em tecido e é praticamente tudo de série, com o preço indicado do "nosso" A3 (versão Sport) a contemplar opcionais como o volante desportivo multifunções, o pré-equipamento telefone com alta voz e Bluetooth, as inserções em alumínio e a pintura metalizada.
Posto de condução, Comportamento
O aspecto compacto e desportivo tem o condão de aumentar a vontade de sentir na estrada o temperamento de cada um deste modelos, o que é feito sem demoras.
Começamos pela novidade, tendo em conta que o A3 é um "velho" conhecido.
Como se espera de um BMW, a posição de condução é quase perfeita. O corpo encaixa que nem uma luva no banco, as pernas estão num ângulo cómodo e o volante (atraente e com boa pega) está ao alcance ideal das mãos.
Quando se começa a puxar pelo 120d, este recompensa o condutor com muito prazer, graças a um equilíbrio dinâmico apurado aliado a um feeling da direcção notável. A distribuição de peso 50:50 entre os dois eixos tem grandes responsabilidades nestas sensações e na eficácia que demonstra a lidar com todo o tipo de curvas. É muito ágil e a colocação das rodas nas extremidades da carroçaria garantem grande estabilidade. Mesmo com o DSC desligado, e sem cerimónias com o acelerador, é difícil conseguir uma deriva do eixo traseiro pelo nível de aderência das rodas traseiras ao asfalto.
Com o referido pacote M, a suspensão mais desportiva acaba por tornar este 120d desconfortável em piso irregular, um preço a pagar pelo carácter marcadamente desportivo desta versão específica.
O A3 perde em comportamento aquilo que ganha em conforto. É claramente mais cómodo numa utilização normal, sem deixar de apresentar um comportamento muito competente e eficaz. A posição de condução também é correcta e envolvente e só pequenos pormenores de ergonomia, como a colocação do apoio para o pé esquerdo, justificam um ponto a menos que o seu rival nesta "disciplina"
Na prática, as diferenças na atitude em curva só podem ser sentidas quando se conduz com muito empenho. As oscilações da carroçaria do BMW são menores e o eixo dianteiro é mais acutilante na inserção de uma trajectória exigente. No entanto, o A3 mantém sempre uma postura correcta quando o pé direito ganha peso extra, a direcção é mais leve e o manuseamento da caixa é mais rápido do que o do 120d, o qual é melhor na precisão da engrenagem, mas menos liberal quando se tentam trocas imediatas.
A travagem transmite grande confiança e segurança, pela potência, tacto do pedal e equilíbrio em situações limite, em qualquer dos dois modelos.
É fácil e tentador conduzir depressa qualquer dos protagonistas deste confronto.
Muito prazer de condução e limites de aderência elevados fazem parte do código genético do BMW
O Audi é mais confortável que o seu rival, mas o chassis revela competência e equilíbrio.
Performances e Consumos
Ambos têm caixas de seis velocidades bem escalonadas, que retiram todo o potencial que cada motor tem para oferecer. Mesmo assim, no arranque dos 0 aos 100 km/h, o 120d ganha uma vantagem considerável ao registar 7,7 segundos nas nossas medições. O A3 não desceu dos 8,4 segundos, o que não deixa de ser óptima marca. O BMW é que é muito rápido.
Esta vantagem, já não se traduz nas recuperações efectuadas, onde o equilíbrio é quase constante, com alguns registos rigorosamente iguais, como se pode verificar na respectiva tabela.
Uma das grandes vantagens desta nova "raça" de desportivos são os baixos consumos e uma autonomia maior. O 120d consegue ser ligeiramente mais comedido, com uma média ponderada 0,5 l inferior por cada 100 km efectuados, mas o Audi vale-se de um depósito maior (mais 9 litros) que permite atrasar a ida à "bomba" em viagens longas.
Conclusão
Por ser mais espaçoso, ter um equipamento de segurança mais completo, uma qualidade de construção superior e conseguir ser mais confortável sem deixar de lado a eficácia dinâmica, o Audi A3 2.0 TDI Sport de 170 cv acabou por ganhar este confronto com o seu mais directo e renovado adversário da BMW.
O 120d tem um ADN desportivo mais vincado, pelo menos nesta versão, o que o torna na referência em termos de comportamento e prazer de condução. Se estes argumentos são tudo o que lhe interessa, então o BMW é o seu automóvel, se não, o Audi é um modelo mais polivalente e igualmente encantador.

Existem suspeitas de que o Audi A3 TDI de 170 deixe de ser a referência no universo dos desportivos compactos a gasóleo. É que o BMW 120d surge renovado de alma e coração, apesar da indumentária não deixar adivinhar grandes alterações. Um duelo em arena alemã
Por Luís Guilherme Fotos Miguel Ângelo Silva
JULHO 2007
Sob suspeita
Ficha Técnica • As nossas medições • Pontuação • A favor/contra

Noutros tempos, um desportivo compacto era movido a gasolina, mas com a cavalgada de potência que os motores Diesel têm registado, é justo aplicar esta designação a modelos como os que estão presentes nestas páginas. Aliás, basta olhar para a indumentária deste Série 1, de cor branco alpin, para se perceber de imediato a sua vocação.
O Audi A3 2.0 TDI com 170 cv já não constitui propriamente uma novidade, mas o mesmo já não se pode dizer do 120d que, a par de um restyling, recebeu um novo motor 2.0 com 177 cv
Estética, Construção, Segurança
A subjectividade da apreciação estética faz com que a nossa opinião tenha rigorosamente o mesmo valor que a do leitor. Ambos têm linhas apelativas e, mesmo não sendo o jornalista encarregue deste trabalho um fã do design do Série 1, a verdade é que esta versão branca equipada com o pacote desportivo M tem um encanto muito especial. É caso para dizer que o branco está de volta.
Antes de acedermos ao interior, importa justificar a melhor pontuação do Audi no domínio da segurança, que se deve ao facto deste incluir de série encostos de cabeça activos, ausentes do BMW. O resto, como os seis airbags, controlo de tracção e de estabilidade, além dos cintos com pré-tensores, estão presentes nos dois.

BMW 120d Ambiente desportivo e uma posição de condução muita boa são certezas a bordo deste 120d recheado de opcionais. O volante tem boa pega

Audi A3 2.0 TDI Sport O habitáculo é mais desanuviado, mas a tónica desportiva também está presente no interior do Audi
Conforto, Habitáculo, Equipamento
Por dentro, a primeira sensação é de que o A3 é mais espaçoso, não só em largura, mas sobretudo em comprimento nos lugares traseiros, o que obriga os passageiros do Série 1 a encolher um pouco mais as pernas. O tamanho generoso do pilar C também contribui para um ambiente mais "claustrofóbico" atrás, além de ser responsável pela pouca visibilidade traseira que oferece ao condutor.
O habitáculo do Audi é mais desanuviado. A tónica desportiva, como no BMW, é evidente e a qualidade de construção é superior, nomeadamente no tipo de materiais utilizados na concepção do tablier. É que apesar do restyling do Série 1 também ter incluído alguns reparos no interior, como o revestimento mais suave do tablier, a verdade é que o plástico rijo continua a ser a base de construção deste elemento, o que nunca deixa de ser criticável num BMW de 40 000 euros.
Isto só incluindo o pacote desportivo M (2900 euros)* no preço, porque com todos os opcionais presentes na unidade ensaiada, o potencial cliente teria de se desprender de 46 570 euros, já que só o dito pacote, a pele Boston preta, os espelhos retrovisores com função anti-encadeamento, o alarme, a ajuda ao parqueamento traseiro, o cruise control, o apoio lombar para os bancos dianteiros e os sensores bi-Xénon, são responsáveis por 6830 euros. E a lista ainda tinha mais.
No Audi, os bancos são em tecido e é praticamente tudo de série, com o preço indicado do "nosso" A3 (versão Sport) a contemplar opcionais como o volante desportivo multifunções, o pré-equipamento telefone com alta voz e Bluetooth, as inserções em alumínio e a pintura metalizada.
Posto de condução, Comportamento
O aspecto compacto e desportivo tem o condão de aumentar a vontade de sentir na estrada o temperamento de cada um deste modelos, o que é feito sem demoras.
Começamos pela novidade, tendo em conta que o A3 é um "velho" conhecido.
Como se espera de um BMW, a posição de condução é quase perfeita. O corpo encaixa que nem uma luva no banco, as pernas estão num ângulo cómodo e o volante (atraente e com boa pega) está ao alcance ideal das mãos.


Quando se começa a puxar pelo 120d, este recompensa o condutor com muito prazer, graças a um equilíbrio dinâmico apurado aliado a um feeling da direcção notável. A distribuição de peso 50:50 entre os dois eixos tem grandes responsabilidades nestas sensações e na eficácia que demonstra a lidar com todo o tipo de curvas. É muito ágil e a colocação das rodas nas extremidades da carroçaria garantem grande estabilidade. Mesmo com o DSC desligado, e sem cerimónias com o acelerador, é difícil conseguir uma deriva do eixo traseiro pelo nível de aderência das rodas traseiras ao asfalto.
Com o referido pacote M, a suspensão mais desportiva acaba por tornar este 120d desconfortável em piso irregular, um preço a pagar pelo carácter marcadamente desportivo desta versão específica.
O A3 perde em comportamento aquilo que ganha em conforto. É claramente mais cómodo numa utilização normal, sem deixar de apresentar um comportamento muito competente e eficaz. A posição de condução também é correcta e envolvente e só pequenos pormenores de ergonomia, como a colocação do apoio para o pé esquerdo, justificam um ponto a menos que o seu rival nesta "disciplina"
Na prática, as diferenças na atitude em curva só podem ser sentidas quando se conduz com muito empenho. As oscilações da carroçaria do BMW são menores e o eixo dianteiro é mais acutilante na inserção de uma trajectória exigente. No entanto, o A3 mantém sempre uma postura correcta quando o pé direito ganha peso extra, a direcção é mais leve e o manuseamento da caixa é mais rápido do que o do 120d, o qual é melhor na precisão da engrenagem, mas menos liberal quando se tentam trocas imediatas.
A travagem transmite grande confiança e segurança, pela potência, tacto do pedal e equilíbrio em situações limite, em qualquer dos dois modelos.
É fácil e tentador conduzir depressa qualquer dos protagonistas deste confronto.

Muito prazer de condução e limites de aderência elevados fazem parte do código genético do BMW

O Audi é mais confortável que o seu rival, mas o chassis revela competência e equilíbrio.
Performances e Consumos
Ambos têm caixas de seis velocidades bem escalonadas, que retiram todo o potencial que cada motor tem para oferecer. Mesmo assim, no arranque dos 0 aos 100 km/h, o 120d ganha uma vantagem considerável ao registar 7,7 segundos nas nossas medições. O A3 não desceu dos 8,4 segundos, o que não deixa de ser óptima marca. O BMW é que é muito rápido.
Esta vantagem, já não se traduz nas recuperações efectuadas, onde o equilíbrio é quase constante, com alguns registos rigorosamente iguais, como se pode verificar na respectiva tabela.
Uma das grandes vantagens desta nova "raça" de desportivos são os baixos consumos e uma autonomia maior. O 120d consegue ser ligeiramente mais comedido, com uma média ponderada 0,5 l inferior por cada 100 km efectuados, mas o Audi vale-se de um depósito maior (mais 9 litros) que permite atrasar a ida à "bomba" em viagens longas.
Conclusão
Por ser mais espaçoso, ter um equipamento de segurança mais completo, uma qualidade de construção superior e conseguir ser mais confortável sem deixar de lado a eficácia dinâmica, o Audi A3 2.0 TDI Sport de 170 cv acabou por ganhar este confronto com o seu mais directo e renovado adversário da BMW.
O 120d tem um ADN desportivo mais vincado, pelo menos nesta versão, o que o torna na referência em termos de comportamento e prazer de condução. Se estes argumentos são tudo o que lhe interessa, então o BMW é o seu automóvel, se não, o Audi é um modelo mais polivalente e igualmente encantador.